Revelado pela Electronic Arts na E3 2017, Anthem é o maior projeto em que a BioWare já trabalhou. Com seis anos de desenvolvimento, Anthem não é apenas um RPG de ação onde os jogadores exploram um enorme mundo repleto de incríveis tecnologias e tesouros esquecidos... é uma experiência social e cooperativa inserida num mundo dinâmico que mudará durante os próximos anos, ou seja, um serviço que estará constantemente a ser atualizado.


Não vamos fugir à polémica que envolveu o lançamento do Anthem e que levou muitos jogadores e "reviewers" a criticarem o jogo. De facto, uma das razões pelas quais só hoje estamos a publicar a nossa análise, está relacionada com a instabilidade dos servidores nos primeiros dias após o lançamento do jogo. No entanto, ao longo destas três semanas, e após algumas atualizações, parece que tudo normalizou, e finalmente reunimos elementos suficientes para relatar de forma justa a nossa experiência no mundo de Anthem.


Anthem transporta-nos para Bastion, uma terra com natureza variada e paisagens deslumbrantes, mas também com um grande problema. Os ancestrais da humanidade de hoje, os "Shapers", criaram o Hino da Criação, um artefacto que moldou e continua a moldar o mundo, mas que seria abandonado antes do trabalho estar finalizado. Sem controle sobre o hino, o processo continua e resulta em grandes desastres naturais e cataclismos, com o Cerne da Ira (Heart of Rage) como topo da ameaça.

A nossa história começa no meio do Cerne da Ira , onde como recruta nos encontramos com um grupo de Freelancers- bravos aventureiros equipados com exosuits blindados, ou "Javelins"  - para apaziguar o cataclismo. Mas tudo corre mal nesta cena introdutória, e apenas o nosso e outro Freelancer sobrevivem ao desastre, resultando no fim dos Freelancers como uma instituição, assim como na confiança que a população depositava neles. 

Tendo Fort Tarsis, um dos poucos locais em Bastion que ainda resiste aos eventos cataclísmicos, como ponto central da aventura, a nossa missão passa por transformar os Freelancers numa organização em que as pessoas possam novamente confiar e, ao mesmo tempo, encontrar uma maneira regressar ao Cerne da Ira e evitar que o Hino da Criação caia nas mão do Regente, o antagonista do jogo e poderoso líder de uma facção altamente agressiva conhecida como Dominion.


É também em Fort Tarsis que vamos encontrar e dialogar com uma grande variedade de personagens, divididas em três facções - Sentinelas, Arcanistas e Freelancers. Cada personagem tem a sua própria história e, muitas vezes, desafios que só um Freelancer pode superar. Conhecida por criar e desenvolver personagens e enredos brilhantes, a BioWare aplicou um pouco da sua magia em cada um dos personagens de Anthem, criando histórias com reviravoltas dramáticas às quais não ficamos indiferentes. Tendo muitas vezes como base as respostas que damos, os diálogos são peças essenciais no jogo para conhecer os que nos rodeiam, melhorar as relações com cada uma das facções, encontrar novos desafios, e até desvendar segredos escondidos no mundo de Anthem.

O poder de um Freelancer reside inteiramente nas várias capacidades do seu exosuit, o chamado Javelin, ou Lança em português. No início, podemos escolher um dos quatro Javelins disponíveis no jogo, com a possibilidade de desbloquear os restantes à medida que progredimos no jogo e alcançamos novo níveis. Auxiliados por propulsores, todos os Javelins diferem drasticamente uns dos outros, não apenas na aparência, mas também em velocidade, armadura, habilidades e que armas que podem ser equipadas.

O Ranger é o mais equilibrado de todos os Javelins e talvez o mais familiar para os jogadores de shooters. Por outro lado, há o enorme Colosso que é muito mais lento, mas que possui uma armadura mais resistente, mais poder de fogo e a capacidade de carregar armas mais pesadas. As duas Lanças mais leves e mais ágeis são o Storm e o Interceptor. O primeiro tem capacidade de se manter no ar durante mais tempo e utilizar os elementos para derrotar os inimigos, enquanto que o Interceptor surpreende os oponentes com a sua velocidade e facas mortais.

Jogabilidade

Para começar a análise à forma de jogar de Athem, temos de entender que tipo de jogo é este e qual o seu objetivo. Embora tenha elementos RPG, aventura e exploração, Anthem é essencialmente um "loot shooter", ou seja, um jogo onde superamos desafios com diferentes níveis de dificuldade, para ganhar recompensas e desbloquear novos equipamentos ou melhorar os que já possuímos. O jogo apresenta-se como um serviço em constante mutação com desafios diários, semanais e mensais, que recompensam os jogadores mais audazes e dedicados. 

Embora a história do jogo gire em torno do regresso do nosso Freelancer ao Cerne da ira, Anthem não nos obriga a seguir uma linha de progressão. Desde que chegamos a Fort Tarsis que temos a possibilidade de entrar no nosso Javelin e explorar livremente o mundo de Bastion, assim como de nos juntarmos a outros jogadores e realizar missões. No entanto, não recomendamos a segunda opção logo de inicio, pois corremos o risco de entrar em missões de história que ainda não realizámos, e apanhar com indesejados "spoilers". Para além disso, existem alguns elementos que só são desbloqueados após a conclusão da história, como duas novas Fortalezas e níveis de dificuldade mais elevados. Dito isto, nada como realizar cada uma das missões da história do jogo, até porque estas nos oferecem muita ação, diversidade, momentos dramáticos e muitos segredos à espera de serem desvendados.

Como já referimos, a sobrevivência fora do Fort Tarsis depende do Javelin e do equipamento que o integra. Cada Javelin tem as suas próprias carateristicas e capacidades, sendo que o equipamento que escolhemos para cada missão deverá estar de acordo com o exosuit e com a nossa forma de jogar. A escolha das duas armas que transportamos, assim como das habilidades especiais e equipamento auxiliar, deve ser criteriosa se queremos realmente ganhar vantagem em cada batalha. Cada peça que escolhemos transportar apresenta uma vantagem para determinados fatos e armas. Por exemplo, se estamos a utilizar o Storm e as suas capacidades elementais, devemos ter atenção, por exemplo, aos itens que melhoram a sua capacidade de utilizar raios, gelo e outros elementos caraterísticos deste exosuit.


A navegação pelo mundo de Anthem é feita maioritariamente pelo ar, com recurso aos propulsores instalados nas costas de cada exosuit. No entanto, a sua utilização é limitada pelo sobreaquecimento, pelo que temos de encontrar forma de os refrescar. Algo que é brilhante e nos delicia enquanto jogamos, é utilizar lagos e cascatas para refrescar os propulsores e prolongar o tempo de vôo, enquanto desfrutamos de elementos visuais fantásticos. Ao contrário do que receávamos, a navegação pelo ar é bastante fácil de aprender, e quem consiga dominar o tempo de vôo de forma mais eficaz, ganha uma grande vantagem nos confrontos com inimigos.

Outro receio nosso estava relacionado com disparar armas enquanto voamos e enfrentamos hordas de inimigos, mas mais uma vez ficámos surpreendidos pela positiva. O jogo é bastante "amigável" durante os confrontos, não porque os inimigos nos facilitem a vida, mas porque o sistema de combate é bastante fácil de dominar, mesmo por quem não esteja familiarizado com o género. À nossa disposição temos diferentes tipos de armas, que vão desde pequenas pistolas a poderosas espingardas de sniper, embora algumas sejam restritas a determinados exosuits. Em combate, a combinação das armas de fogo com as capacidades especiais de cada Javelin é bastante importante, pois quantos mais "combos" fizermos em cada missão, mais facilmente derrubamos os adversários e mais pontuação recebemos no final.

Outro aspeto importante é a conseguir sintonizar as capacidades do nosso Javelin com os dos outros jogadores. As missões são maioritariamente feitas a quatro, e muitas vezes, principalmente nos níveis de dificuldade mais altos, é importantíssimo a sincronia de todos os jogadores. Devemos tirar partido das capacidades de cada um e combiná-las para ter sucesso em cada missão. Além disso, dependemos sempre uns dos outros quando as coisas correm mal, pois quando o escudo e energia do nosso Javelin chega ao zero, ficamos inoperacionais. Resta-nos aguardar que um dos jogadores que nos acompanham na missão se desloque até nós e inicie o processo de reparação do nosso exosuit.

A capacidade e raridade das armas, equipamento e habilidades vai melhorando à medida que subimos de nível ou aumentamos o nível de dificuldade. Tudo isto é conquistado através dos itens deixados pelos inimigos que eliminamos, através de baús de tesouro, assim como com a prestação em cada missão e desafio. Existem também consumíveis que podemos criar e utilizar nas expedições, oferecendo bónus para nós e para os outros membros da equipa. Quanto mais raro for o equipamento que utilizamos mais fortes nos tornamos em cada batalha, embora, mais uma vez, a escolha de cada item seja o mais importante. 


Athem oferece-nos um mundo enorme, dividido em áreas bastante diversificadas. Muitos jogadores se queixam que o mundo do jogo é muito vazio, mas não conseguimos estar totalmente de acordo com essa critica. Na verdade, enquanto exploramos Bastion encontramos diversos desafios, alguns mais exigentes do que outros, muita vida e paisagens que nos deixam extasiados. Temos vários eventos que surgem enquanto sobrevoamos cada uma das áreas, segredos à espera de serem descobertos, e muito "loot" para recolher pelo mundo do jogo. Cada vez que saímos para uma expedição em modo livre, é uma nova aventura que temos a oportunidade de viver. 

Entre as missões da história, contratos, exploração em modo livre e as desafiantes Fortalezas, e até mesmo a partilha de histórias com os restantes personagens, muitas experiências podem ser vividas no mundo de Anthem!

Gráficos e som

Ao longo da análise, fomos deixando alguns elogios à forma como a BioWare criou o mundo de Anthem, pois este apresenta-se com um nível de detalhe fantástico. Bastion é um mundo realmente belo, com florestas repletas de vida selvagem, ruínas que contam histórias de outros tempos, cavernas e zonas subaquáticas prontas as serem exploradas, e muitas relíquias e segredos para serem descobertos. Quer seja pela grandeza do mundo ou pela diversidade que nele encontramos, estamos totalmente rendidos ao trabalho feito pela BioWare neste capítulo.

O nível de detalhes de cada área do jogo, auxiliado pelo fantástico trabalho de iluminação e sombras, dão um enorme realismo a todos os acontecimentos que surgem no ecrã. A juntar a isso, os efeitos criados pelas explosões e habilidades de cada um dos personagens, são dignos de se ver.

O nível visual dos personagens com quem dialogamos é bastante satisfatório, embora um pouco aquém da qualidade encontrada no mundo exterior. 

A acompanhar os gráficos fantásticos, temos um trabalho sonoro digno de um filme de Hollywood, dando um tom épico aos acontecimentos do jogo. Tanto a banda sonora que se adapta a cada situação do jogo, como os efeitos criados pelas ações à nossa volta, assim como as vozes que dão vida a cada um dos personagens tudo se apresenta num nível bastante elevado. Para nos auxiliar nos diálogos temos a possibilidade de ativar as legendas em vários idiomas, incluindo português, de forma a não perder nada sobre a história do jogo. 


Conclusão

A BioWare não tem tido vida fácil nestas primeiras semanas após o lançamento de Athem, principalmente devido à instabilidade dos servidores do jogo. No entanto, mais do que um jogo, Anthem foi apresentado como um serviço online, e como tal tem vindo a evoluir e a superar cada desafio. 

A verdade é que nos temos divertido muito a jogar Anthem, principalmente por nos oferecer um conjunto de experiências fantásticas. Este é um shooter online cooperativo, um pouco à imagem do é Destiny, mas com uma grandiosidade que nos deixa extasiados. 

Um mundo enorme, repleto de vida e paisagens únicas serve de palco a uma aventura épica, onde até a jogabilidade ajuda quem não está familiarizado com este género de jogo.

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